Presidente agradeceu ao Congresso pela isenção de IR até R$ 5 mil mensais, mas afirmou que o avanço ainda é insuficiente.
247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira (9) que a construção de justiça social no Brasil passa, inevitavelmente, por uma Reforma Tributária que reduza desigualdades. A declaração ocorreu durante a cerimônia de regulamentação das novas regras para emissão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Ao comentar a recente aprovação da isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil, o presidente agradeceu ao Congresso Nacional pela decisão unânime nas duas Casas, mas considerou que o benefício ainda está aquém do necessário. “Na verdade eu acho pouco. É pouco. Todo mundo sabe. Mas a gente tem que medir a correlação de forças, saber medir o momento político que está fazendo e quem quer tudo às vezes nada tem”, afirmou. Ele acrescentou que a política tributária é decisiva para reduzir desigualdades: “Temos que começar a perceber que não existe outra forma de fazer política de justiça social fora da questão tributária. É pelo tributo que a gente faz o país ser justo”.
Lula também destacou que a ampliação da faixa de isenção representa alívio imediato para milhões de trabalhadores, ampliando o poder de compra e liberando parte da renda comprometida com tributos. Para o presidente, medidas como essa integram um processo mais amplo de reconstrução econômica, iniciado desde o começo do governo.
Ao relacionar justiça social às políticas públicas em implementação, Lula lembrou que suas primeiras ações foram dedicadas a recuperar programas e corrigir distorções deixadas nos anos anteriores. Ele comparou o início de sua gestão a um período de preparo da terra antes da colheita. “Ainda não completamos três anos de governo e vamos, no começo do ano, prestar contas à sociedade do que aconteceu neste país”, afirmou. O presidente adiantou que o governo apresentará um balanço público dos resultados alcançados, iniciativa que chamou de “a hora da verdade”.
No mesmo discurso, Lula voltou a destacar a retirada do Brasil do Mapa da Fome pela FAO após dois anos e meio de gestão, ressaltando que governar é, sobretudo, “cuidar” da população que mais necessita. Ele avaliou que administrar o país para os mais ricos sempre foi simples, mas que a prioridade de seu governo está em elevar as camadas mais pobres da sociedade.
O presidente também dedicou parte da fala às mudanças na CNH, relacionando-as ao esforço de inclusão social. Ele afirmou que durante décadas milhões de motociclistas — muitos deles entregadores — permaneceram na informalidade devido ao custo elevado da habilitação e à falta de políticas públicas. “Estamos oferecendo às pessoas mais humildes o direito de serem cidadãos de primeira categoria”, disse. Para Lula, o barateamento e a simplificação do processo permitirão que trabalhadores atuem com segurança e legalidade, sem serem obrigados a escolher entre “comer” e pagar pelas etapas da carteira.
Lula ainda citou programas previstos para 2026, como o Gás do Povo, que garantirá botijão gratuito para famílias de baixa renda, e a reformulação das tarifas de energia elétrica, que tornará isentos consumidores de até 80 kWh. Medidas que, segundo ele, aliviarão o orçamento doméstico e reforçarão o compromisso do governo com a população mais pobre.
O presidente encerrou destacando que todas essas políticas — da reestruturação social à mudança tributária — caminham no mesmo sentido: reduzir desigualdades e construir um modelo de país mais justo para quem historicamente ficou à margem das decisões econômicas.
Foto: Ricardo Stuckert
FONTE: https://www.brasil247.com/brasil/nao-ha-como-fazer-justica-social-sem-mexer-na-questao-tributaria-diz-lula