Líder opositora faz discurso beligerante, acusa Maduro de “guerra ao povo” e pede ajuda de Trump, reforçando intervencionismo dos EUA na América Latina.
247 – A líder opositora venezuelana María Corina Machado, vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, concedeu uma entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da CNN, em que fez duras acusações ao presidente Nicolás Maduro e defendeu abertamente uma intervenção dos Estados Unidos na Venezuela. A declaração, no entanto, expõe o viés político de Machado, que vem utilizando sua projeção internacional para justificar o avanço de uma agenda externa sobre os destinos do país.
Machado afirmou que Maduro “declarou guerra ao povo venezuelano” após as eleições presidenciais de 2024, nas quais a oposição alegou vitória de Edmundo González, seu aliado político, apesar da ausência de reconhecimento oficial pelos órgãos eleitorais do país. Segundo a opositora, o governo chavista teria transformado o processo eleitoral em um “conflito armado contra a população”, uma narrativa que ecoa o discurso histórico da direita venezuelana e serve de pretexto para apelos a potências estrangeiras.
Durante a entrevista, María Corina apelou diretamente ao presidente norte-americano Donald Trump, pedindo que “pare a guerra iniciada por Maduro”. A frase revela não apenas o alinhamento ideológico da líder com a política externa dos Estados Unidos, mas também o contraste entre o discurso de paz associado ao Nobel e a defesa explícita de medidas intervencionistas. “Precisamos da ajuda do presidente dos Estados Unidos para deter essa guerra”, afirmou Machado, repetindo uma retórica que historicamente precedeu episódios de desestabilização em países latino-americanos.
A opositora ainda classificou o governo venezuelano como uma “estrutura criminosa” sustentada por tráfico de drogas, ouro e armas, sem apresentar provas concretas. O tom acusatório e a ausência de autocrítica refletem uma tentativa de criminalizar o chavismo e legitimar a interferência externa — uma estratégia antiga das elites locais apoiadas por Washington.
Embora tenha recebido o Nobel da Paz sob o argumento de sua luta por “liberdade e democracia”, María Corina Machado vem sendo criticada por setores progressistas por transformar o prêmio em palanque político contra um governo eleito, num momento em que a Venezuela tenta retomar o diálogo interno e aliviar as sanções econômicas impostas pelos próprios Estados Unidos.
Para observadores internacionais, a postura de Corina contradiz o espírito do Nobel e reforça a lógica de dependência que marcou décadas de ingerência norte-americana na região. A ideia de que o destino da Venezuela deve ser decidido em Washington, e não em Caracas, reaviva fantasmas do passado e mina as chances de uma solução soberana e pacífica para o país.
FOTO: Bel Pedrosa/World Economic Forum
FONTE: https://www.brasil247.com/americalatina/nobel-da-paz-corina-defende-intervencao-dos-eua-na-venezuela