Com Guilherme Boulos ao seu lado, Lula busca renovar a esquerda e fortalecer sua base popular para a disputa presidencial de 2026.
A pequena diferença, quase ínfima, de menos de 2%, que marcou a vitória de Lula sobre Bolsonaro em 2022, foi o alerta geral para o presidente oxigenar sua candidatura em 2026 com uma cara nova na disputa eleitoral ao seu lado.
Boulos é essa aparência nova e fresca, do PSOL, não do PT, que ele levanta para tentar alcançar seu quarto mandato, arregimentando o eleitorado jovem, descrente, mas propenso a aderir a um novo discurso, desde que vá ao encontro de suas expectativas e demandas.
Boulos, pode-se dizer, não vai a reboque de seu partido.
Ao contrário, ele alavanca sua agremiação, tornando-se o seu farol, dadas as lutas que vem travando na construção de sua carreira política, em defesa da maior demanda social dos trabalhadores, depois do emprego, por meio do qual sobrevivem com seu salário: a luta pela habitação popular.
Boulos virou sinônimo de casa própria.
Comandou, com seu sonho político, mobilizações expressivas com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
A grande mídia conservadora, aliada dos poderosos grupos imobiliários nos mais importantes centros urbanos, demonizou Boulos por vê-lo como agitador das massas.
Seria, para a direita e a ultradireita fascista, um novo Lênin, levantando a bandeira comunista na defesa da igualdade social.
O parlamentar do PSOL sonhou alto ao defender ocupações de espaços urbanos que a burguesia reserva para si como estoques especulativos, à espera da melhor oportunidade para a realização de lucros.
Nos centros populosos, há oferta abundante desses espaços, mas a força da burguesia imobiliária compra, com seu capital, votos nas assembleias legislativas para expandir seu poder e empurrar para as periferias os socialmente excluídos.
No embate com essas forças do capital empresarial e financeiro, que vivem para a acumulação de riqueza e poder, Boulos construiu seu capital político-eleitoral.
Transformou-se em força irresistível, que o levou à disputa pela prefeitura de São Paulo, a maior metrópole da América do Sul.
Seu discurso pela democracia com emprego, distribuição de renda e melhores condições de vida para os trabalhadores transformou-o, como membro do PSOL, na maior expressão da esquerda no Congresso.
Lançou sombra sobre o PT, que, no poder durante cinco mandatos presidenciais, tornou-se essencialmente um partido conciliador.
Isso ocorreu porque, sendo historicamente minoria no Legislativo, os petistas não conseguiram levar adiante uma agenda transformadora, escondendo-se atrás do argumento da falta de correlação de forças para justificar sua escalada rumo ao conservadorismo.
Distanciaram-se, consequentemente, das massas, ao perder a capacidade efetiva de mobilizá-las de forma ampla e incontestável.
MEA CULPA LULISTA
Lula, nesta semana, fez mea-culpa ao indagar aos seus comandados: “Onde erramos?”
A ascensão da aliança da direita com a ultradireita fascista, que consagrou Bolsonaro em 2018, formou um anteparo poderoso ao histórico domínio eleitoral do PT.
A vitória lulista em 2022 foi duríssima, cabeça a cabeça.
Lula despertou para o óbvio: a renovação da esquerda não viria com uma liderança petista ao seu lado, como puxador de votos, mas com uma novidade capaz de, junto com ele, tirar a esquerda, capitaneada pelo PT, do marasmo da conciliação comodista.
Boulos é essa novidade que Lula tira da cartola para sacolejar a campanha eleitoral e tentar triunfar novamente em 2026.
Com Boulos, Lula levantará bandeiras populares, como o fim da jornada de trabalho 6×1, a tarifa zero nos transportes coletivos, a taxação dos mais ricos para favorecer os mais pobres e mais verbas para habitação a juros baixos.
Com essa estratégia, Lula parte para a mobilização popular, a fim de ampliar a base política progressista de esquerda.
Somente dessa maneira conseguirá força para cumprir promessas de campanha que ficaram pelo caminho, como a reestatização da Petrobras, Eletrobras e Vale, atualmente sob controle de grandes fundos financeiros internacionais, como a BlackRock, entre outros.
Sem controle estatal dessa infraestrutura produtiva e ocupacional imprescindível, o Brasil não se desenvolverá de forma sustentável, tendo o imperialismo trumpista fascista em seus calcanhares.
Resta saber como será a convivência entre a nova estrela política de Lula e a máquina burocrática petista, que se ossificou politicamente.
Foto: Ricardo Stuckert/PR
FONTE: https://www.brasil247.com/blog/nova-estrela-politica-de-lula-para-2026-5c163321