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Novos dados climáticos confirmam: aproxima-se o ponto de não-retorno

Iniciativas das lideranças globais para interromper o aquecimento global, anunciadas em fóruns suntuosos, são tímidas diante da gravidade do momento.

Os dados vieram neste 11 de janeiro. Estudo do Berkeley Earth, centro climático americano, mostrou que 3,3 bilhões de pessoas, 40% da população mundial, viveram 2024 sob um calor inédito. O Brasil, por exemplo, esquentou 1,8% acima da média do período pré-industrial. O México, 1,7%. E o Canadá, terra fria, 3,1%.

O cientista brasileiro Carlos Afonso Nobre, uma das maiores autoridades do mundo em aquecimento global, vem alertando faz tempo. Em maio do ano passado, disse a este jornalista que a Terra pode estar perto do fim.

O modelito “fim do mundo” veste os mandatários dos países que deveriam se ocupar de reverter a devastação da natureza antes de qualquer outra coisa.

Em meados do ano passado, Nobre avisava: “Nós temos o enorme desafio de salvar o planeta. Já vimos os riscos pelos quais estamos passando pelo aquecimento global no nível a que chegou. Agora, em 2024, as temperaturas globais já atingiram um aquecimento de 1,5 grau em comparação com 1850-1900. É também o momento de mais alta temperatura dos oceanos – o Atlântico está muito quente, partes do Pacífico e do Índico também”.

O temor de Carlos Nobre justificou-se, como vem se justificando há tempos, com os últimos dados do Berkeley Earth.

O aquecimento é responsável pelo aumento de eventos meteorológicos extremos, sejam secas ou chuvas muito intensas. Também por ondas de calor, fenômenos muito graves, extremamente prejudiciais à saúde. “Tudo isso já acontece com muito mais frequência do que antes. As emissões dos gases de efeito estufa, responsáveis por todo esse enorme aquecimento, são quase 70% humanas – queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão, gás natural). Cerca de 23% devem-se à agricultura e aos desmatamentos”, advertia-nos em 2024 o climatologista brasileiro.

As iniciativas das lideranças globais para interromper o aquecimento global, anunciadas em fóruns suntuosos, são tímidas diante da gravidade do momento climático. O aumento da temperatura pode passar de 2,5 graus em 2050, o que será uma tragédia.

Não há saída para o planeta a não ser remover uma grande quantidade de gás carbônico da atmosfera, o que é viável mediante projetos – gigantescos – de restauração florestal. “Temos a obrigação de fazer a maior restauração de florestas tropicais do mundo. O Brasil lançou na COP 28 (Dubai, 2023) o projeto Arco da Restauração, para recuperar 24 milhões de hectares na Amazônia até 2050, 6 milhões dos quais até 2030”, lembrou-nos Carlos Nobre em entrevista concedida no ano passado. Cobrem-se os resultados.

O mundo está bem perto do ponto de não-retorno, e a eleição do negacionista climático Donald Trump nos Estados Unidos agrava ainda mais a situação.. Já passou da hora de todos aqueles que, de certa forma, geram orçamentos terem como prioritária a causa climática – na economia mais importante do mundo, sabe-se que isso não acontecerá.  Donos privados do dinheiro, como o megalomaníaco Elon Musk, assessor para loucuras diversas de Trump, deveriam despejar parte de sua fortuna em iniciativas que preservem a vida na Terra, mas preferem projetar a vida humana em outro planeta.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

FONTE: https://www.brasil247.com/blog/novos-dados-climaticos-confirmam-aproxima-se-o-ponto-de-nao-retorno