Moradores recuperaram 72 corpos em área de mata na Penha.
247 – Moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, viveram um cenário de tragédia nesta quarta-feira (29), ao retirarem dezenas de corpos de uma área de mata. O número de mortos na região, após a operação policial considerada a mais violenta da história do estado, chegou a 136 pessoas. As informações são da Agenda do Poder.
De acordo com informações divulgadas pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, pelo menos 72 corpos foram encontrados na manhã de hoje em uma área de mata na Serra da Misericórdia, local que concentrou intensos confrontos na noite anterior. Os corpos foram levados para a Praça São Lucas, na Estrada João Lucas, uma das principais vias do Complexo da Penha. Testemunhas relatam que ainda há vítimas não resgatadas em pontos da região conhecidos como Vacaria, onde também ocorreram tiroteios.
O ativista Raull Santiago, que participou do resgate de parte das vítimas, tem utilizado as redes sociais para relatar a situação. “Mais lonas foram esticadas para dar conta dos corpos que estão sendo encontrados”, escreveu em uma das publicações, acompanhada por uma foto mostrando o cenário de horror.
Entre as vítimas fatais estão quatro policiais, e outros nove agentes ficaram feridos durante a operação, que teve como alvo integrantes do Comando Vermelho, considerada a principal facção criminosa em atuação no Rio. A ação, voltada ao cumprimento de 100 mandados de prisão, buscava prender criminosos ligados ao tráfico, incluindo Edgar Alves de Andrade, o Doca, apontado como um dos líderes do grupo.
A repercussão foi imediata e provocou reações em diferentes esferas do poder público. A Defensoria Pública denunciou possíveis abusos e violações de direitos humanos, enquanto o governo federal anunciou o envio de uma comitiva ao Rio de Janeiro para avaliar a crise na segurança pública. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião de emergência com a cúpula da área, e a Câmara dos Deputados antecipou a análise da PEC da Segurança.
O governador Cláudio Castro solicitou o envio de dez chefes do crime organizado para presídios de segurança máxima, pedido já atendido por Brasília. No cenário internacional, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos cobrou uma investigação rápida e transparente. “Estamos horrorizados com a operação policial em andamento nas favelas do Rio de Janeiro”, declarou a entidade nas redes sociais.
A Human Rights Watch também se manifestou, criticando o modelo de segurança adotado no estado. “O Rio precisa de uma nova política de segurança pública, que pare de estimular confrontos que vitimizam moradores e policiais”, afirmou a ONG.
Foto: Tomaz Silva /Agência Brasil
FONTE: https://www.brasil247.com/regionais/sudeste/numero-de-mortos-em-chacina-policial-no-rio-chega-a-136-sl1zu6ym
 
															