A escalada de guerra ilegal, extrajudicial e criminosa contra a Venezuela agora reúne 15 mil soldados e marinheiros.
O maior navio de guerra do mundo chega agora à distância de ataque ao território soberano da Venezuela. O porta-aviões estadunidense Gerald Ford lidera a maior força de agressão do império já reunida contra um país da América Latina, ou seja, contra a região como um todo.
A escalada de guerra ilegal, extrajudicial e criminosa contra a Venezuela agora reúne 15 mil soldados e marinheiros. O porta-aviões se junta a uma frota de oito navios de guerra, um submarino nuclear e caças supersônicos de última geração.
Até agora, os Estados Unidos lançaram pelo menos vinte ataques contra botes no Caribe, matando cerca de oitenta pessoas em operações de evidente violação ao direito internacional. Sob o pretexto de combater o tráfico de fentanil e cocaína para os ávidos consumidores da pátria do Tio Sam, os ianques na verdade testam a têmpera dos venezuelanos.
A ambição oculta é submeter, pelo exemplo, todo o continente à hegemonia do império. Como se sabe, os Estados Unidos vêm perdendo a condição de superpotência absoluta que chegaram a ostentar após a débâcle da União Soviética.
Hoje, o mundo multipolar é uma realidade que se impôs. Num movimento de compensação, Donald Trump optou por tentar reaver, pelo pânico, seu domínio arrogante sobre aquilo que seu secretário da Guerra, Pete Hegseth, referindo-se ao continente de Simón Bolívar, chama de “quintal” dos Estados Unidos.
A escalada não deixa de expressar um certo realismo diante da nova correlação de forças mundial. Sem condições de exibir mais a condição de senhores incontestáveis do mundo, os Estados Unidos tentam avassalar toda a América Latina. Conseguirão?
Não, se depender dos venezuelanos. Estes denunciam a natureza psicológica da ofensiva, que é semelhante a tantas outras ameaças típicas do comportamento imprevisível, errático e caprichoso de Donald Trump.
Agora, mais uma vez, ele se encontra na situação limite, em que terá que optar entre atacar ou se desmoralizar. Já está claro que essa força militar não tem nada a ver com tráfico de drogas, pois a Venezuela não é rota para tal. O objetivo real é mesmo derrubar o governo constitucional de Nicolás Maduro. Se não conseguir, Trump terá que encontrar uma forma de cantar vitória e desescalar.
O outro cenário seria o de adentrar em uma nova guerra sem fim, pois a população venezuelana mais uma vez não dá mostras de se rebelar ao lado de traidores como María Corina Machado. Os venezuelanos estão armados na defesa da revolução bolivariana. Em seu estilo destemido, o presidente colombiano Gustavo Petro, também ameaçado, resumiu a situação sem meias palavras: “um clã de pedófilos enviou couraçados para matar pescadores”.
Já o Brasil de Lula vem conseguindo agir de maneira exemplar numa situação complexa. Defende a paz, critica a ingerência militar estrangeira e oferece-se como mediador de negociações com Caracas. Ao mesmo tempo, mantém abertos os seus próprios canais de negociação para obter redução das tarifas comerciais e das sanções políticas impostas por Washington.
Até agora, Trump não obteve nenhum sucesso na tentativa de coação contra o Brasil, nem nas ameaças contra a Venezuela ou a Colômbia. Nenhum desfecho, porém, pode ser descartado de antemão.
FOTO: U.S. Navy photo by Mass Communication Specialist 2nd Class Jackson Adkins
FONTE: https://www.brasil247.com/editoriais247/o-brasil-no-fio-da-navalha-diante-da-agressao-dos-estados-unidos-a-america-do-sul