A Câmara dos Deputados do Brasil se destaca internacionalmente por apresentar um dos maiores custos operacionais entre os parlamentos do mundo. Dados da Inter-Parliamentary Union, ajustados por paridade de poder de compra (PPP), revelam que o Brasil lidera em número de servidores, orçamento anual e está entre os países que mais remuneram seus parlamentares. Essas informações colocam em evidência o tamanho e o custo da estrutura legislativa brasileira, com implicações diretas sobre a eficiência no uso dos recursos públicos.
Com 14.001 servidores vinculados à Câmara, o Brasil possui uma equipe quase 50% maior que a dos Estados Unidos, que conta com 9.247 funcionários. Quando comparado a países como México (7.279), Coreia do Sul (4.929) e Argentina (4.700), a disparidade é ainda maior. Essa estrutura administrativa inchada sugere uma complexidade interna significativa, mas também levanta questionamentos sobre a necessidade e produtividade de tantos cargos.
O orçamento anual da Câmara brasileira também é o mais elevado entre os países analisados: US$ 3,19 bilhões (em dólares PPP). Esse valor é 71% maior que o dos EUA (US$ 1,85 bi) e quase quatro vezes superior ao da França (US$ 0,86 bi). Mesmo economias maiores e mais ricas, como a da Alemanha e da Itália, operam seus parlamentos com menos recursos. A diferença evidencia um custo institucional elevado, descolado da realidade fiscal e econômica do país.
Outro destaque é o salário anual dos deputados brasileiros, que chega a US$ 221.911, o segundo maior da amostra, superado apenas pela Turquia (US$ 244.267). Singapura, Chile e Itália pagam menos aos seus parlamentares, apesar de apresentarem níveis semelhantes ou superiores de desenvolvimento institucional. Essa remuneração coloca o Brasil entre os parlamentos mais caros do mundo em termos de salário individual, em um cenário onde a desigualdade social e os desafios fiscais do país ainda são significativos.
Essa combinação de alto número de servidores, grande orçamento e salários elevados torna a Câmara dos Deputados do Brasil uma das mais custosas do planeta. A comparação internacional evidencia a necessidade de uma discussão sobre eficiência, transparência e racionalização dos gastos públicos no Legislativo. Reformas que busquem equilibrar qualidade institucional e responsabilidade fiscal podem contribuir para um parlamento mais enxuto, eficaz e alinhado com as capacidades e prioridades do país.
FONTE: https://www.paulogala.com.br/o-parlamento-mais-caro-do-mundo-a-estrutura-e-os-custos-da-camara-dos-deputados-do-brasil-em-perspectiva-global/