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O que Rui Pimenta disse sobre a condenação de Bolsonaro?

“Eu achei um espetáculo meio característico da etapa política que estamos vivendo. É um mar de ilusões o que eu vi ontem”.

Nesta sexta-feira (12), um dia após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser condenado a 27 anos de uma prisão, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, foi entrevistado na TV 247. Logo no início do programa, o dirigente apresentou sua análise sobre o processo:

“Antes de mais nada, eu fiquei apreciando o panorama ontem nas redes sociais das reações sobre a condenação do Bolsonaro. E aí isso me veio a seguinte reflexão: que tinha gente rica comemorando, muito feliz comemorando, e gente pobre. E aí me dei conta que a alegria de pobre dura pouco, enquanto a de rico continua. Eu acho que o pessoal está muito feliz, condenaram Bolsonaro, e, segundo alguns, o Brasil mudou radicalmente depois dessa sentença. Alguns falam que nós encerramos uma idade das trevas, que não vai haver mais golpe no Brasil, que os militares agora vão ser obedientes defensores da Constituição, que isso encerra um ciclo que começou em 1964. O que é estranho é ouvir isso da Globo, porque a Globo vai continuar aí. Então, o ciclo de 64 para a Globo não vai se encerrar.

Eu achei um espetáculo meio característico da etapa política que estamos vivendo. É um mar de ilusões o que eu vi ontem.

Em relação aos votos, eu vi o pessoal falando: “Nossa, Cármen Lúcia votou”. Veja, faz um ano que eu venho dizendo que Bolsonaro vai ser condenado. Para mim, era um resultado que já havia sido dado lá atrás. O processo era um processo para condenar o Bolsonaro, não era um processo para investigar nada.

O voto do Fux é um voto que escapa um pouco do script, mas na realidade não. O voto dele denuncia a loucura que foi todo esse processo, e ele, obviamente, deixou ali uma porta aberta para uma futura anulação da sentença do Bolsonaro. Porque, passado o clima político do julgamento, vai ficar claro para muita gente que o processo de fato é um processo nulo. Eu acho que ele fez isso pelo seguinte: há um pessoal aí que está pedindo anistia. Acho difícil que seja aprovada anistia; se for, vai ser uma crise muito grande no Brasil. Eu acho mais provável que, mais para frente, o julgamento todo seja anulado. Até porque um dos juízes já falou que o processo é nulo. Ele não fez uma contestação menor, ele fez uma contestação total. Aí, lógico, tem aquele circo, porque o STF é um circo, um picadeiro com 11 palhaços. Aí o Alexandre de Moraes, para responder o Fux — eu nunca ouvi falar que o voto de um juiz precisa ser respondido por outro juiz, mas enfim, é o STF brasileiro —, ele passou vídeo, ele interveio, ele respondeu o Fux, aí começaram a hostilizar o Fux, parece uma briga de crianças na escola. É ridículo.

O pessoal está alegre, o negócio é colocar uma ampulheta para ver quanto tempo vai durar essa alegria. O PT parece que já caiu um pouco a ficha, e aí atacaram duramente o Tarcísio porque eles perceberam aquilo que a gente vem falando há muito tempo, que a condenação de Bolsonaro é para eleger um Tarcísio. Agora eles estão com medo. Isso aqui parece aquelas comédias do século XVII e XVIII em que o marido traído entra na sala, o amante se esconde debaixo da mesa, parece comédia do Molière. Me dá a impressão de que é isso, para algumas pessoas foi um grande evento histórico, para mim foi uma comédia muito mal arrumada.

O processo foi adiantado em função do cronograma eleitoral. O problema agora vai ser o seguinte: se o Bolsonaro vai apoiar a candidatura do Tarcísio ou outra que apareça aí. Isso tem que ser feito logo, porque já estamos em setembro. Tem que ser feito antes que comece a campanha eleitoral, por isso que o processo foi adiantado.

Vamos ver o que vai acontecer daqui para frente, e é bem possível que, agora que o processo foi concluído, o ataque da burguesia contra o PT vai recrudescer.”

Foto: Reprodução

FONTE: https://causaoperaria.org.br/2025/o-que-rui-pimenta-disse-sobre-a-condenacao-de-bolsonaro/