Assessor especial da Presidência afirmou no evento USP Pensa Brasil 2025, em São Paulo, que o mundo vive uma fase de desordem global.
247 – O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou nesta segunda-feira (29) que a ordem internacional que vigorou nas últimas décadas deixou de existir e que o mundo atravessa uma fase de “desordem global”. As declarações foram dadas durante o evento USP Pensa Brasil 2025, realizado em São Paulo. A entrevista foi publicada pela Sputnik Brasil e destacou as reflexões do diplomata sobre o papel do Brasil na mediação de conflitos e nos novos arranjos geopolíticos.
Segundo Amorim, as normas que regiam o comércio multilateral estão sendo cada vez mais ignoradas e a coerção econômica passou a ser utilizada “abertamente como ferramenta de pressão política”. Para ele, essa mudança de paradigma está diretamente relacionada ao enfraquecimento das instituições internacionais. “As instituições financeiras internacionais são cada vez mais dirigidas por objetivos políticos”, afirmou.
Em sua avaliação, a atual conjuntura é marcada pelo acirramento de rivalidades históricas, agora intensificadas por componentes ideológicos, culturais e religiosos. “Essa não era uma guerra que ameaçasse o risco de que a humanidade viesse a se destruir. No caso atual, rivalidades de longa data se intensificam, alimentadas por fatores ideológicos, culturais e religiosos”, declarou.
Amorim foi categórico ao afirmar que a ordem mundial anterior já não está mais de pé:
“A ordem internacional, tal como a conhecíamos, já não existe e ainda não sabemos a que dará lugar. Diante dessa desordem global, cresce o mal-estar, o sentimento de que o mundo está mudando e não necessariamente para melhor. Como diria Caetano Veloso, experimentamos a sensação de que alguma coisa está fora do ar.”
O assessor ressaltou que, diante desse cenário, o Brasil busca manter diálogo com países estratégicos, como a China, considerada um ator central no equilíbrio global. Ele lembrou sua visita a Pequim, em maio de 2024, quando se reuniu com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Wen, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sobre o papel das grandes potências, Amorim observou:
“Naquela época, só a China teria capacidade de ter uma influência real na Rússia. A questão é se ela queria ou não exercer essa possibilidade. Hoje você pode adivinhar que os Estados Unidos têm essa capacidade também. Por outras razões, não necessariamente as melhores, mas têm essa capacidade.”
As declarações de Celso Amorim evidenciam a percepção de que o sistema internacional vive uma fase de transição incerta, em que normas estabelecidas deixam de ser respeitadas e novas dinâmicas de poder emergem. Nesse contexto, o Brasil, sob orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aposta em uma política externa voltada ao diálogo, à mediação e à integração estratégica com países como a China, reforçando sua vocação de potência pacífica no cenário global.
FOTO: Fotos Publicas
FONTE: https://www.brasil247.com/ideias/ordem-internacional-ja-nao-existe-como-conheciamos-diz-celso-amorim