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“Parceria estratégica entre Rússia e China fortalece política, economia e cultura”, diz Putin

Putin exaltou cooperação em áreas que vão da energia ao cinema e afirmou que Moscou e Pequim atuam como força estabilizadora no cenário internacional.

247 – O presidente da Rússia, Vladimir Putin, destacou a profundidade da parceria estratégica entre Rússia e China em diversos campos, incluindo política, economia, energia, cultura e esportes. As declarações foram feitas em entrevista escrita à agência chinesa Xinhua, publicada no site do Kremlin, às vésperas de sua visita oficial ao país, que inclui participação na cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCX) e reuniões bilaterais em Pequim.

Putin afirmou que espera que o encontro da OCX em Tianjin, sob presidência chinesa, ofereça “novo ímpeto” à organização e contribua para a construção de uma ordem mundial multipolar mais justa. “A parceria estratégica Rússia-China atua como uma força estabilizadora”, disse o líder russo, ressaltando que as negociações com Pequim abordarão tanto a agenda bilateral quanto os principais temas regionais e internacionais.

Memória da guerra e críticas ao Ocidente

O presidente russo também destacou os eventos comemorativos em Pequim pelos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Ele elogiou o presidente Xi Jinping, a quem descreveu como “um verdadeiro líder de uma grande potência mundial, um homem de vontade firme, visão estratégica e compromisso inabalável com os interesses nacionais”.

Putin lembrou que “os povos da União Soviética e da China suportaram o peso dos combates e sofreram as maiores perdas” na guerra, ressaltando que a resistência chinesa foi crucial para impedir uma ofensiva japonesa contra a URSS nos anos mais críticos do conflito.

O líder russo criticou ainda a destruição de monumentos soviéticos em alguns países europeus, que classificou como “um ato bárbaro” e exemplo da tentativa de reescrever a história. Ele também alertou contra a “revitalização do militarismo japonês sob pretexto de ameaças imaginárias” e a “remilitarização da Europa, incluindo a Alemanha”.

Comércio, energia e moeda própria

No campo econômico, Putin destacou que a cooperação entre Rússia e China avançou de forma decisiva. “As transações entre nossos países já são realizadas majoritariamente em rublos e yuans, reduzindo a participação de dólar e euro a uma discrepância estatística”, disse.

Ele ressaltou que a Rússia mantém posição de liderança no fornecimento de petróleo e gás ao mercado chinês. Desde 2019, com o funcionamento do gasoduto Força da Sibéria, já foram entregues mais de 100 bilhões de metros cúbicos de gás. Para 2027, está prevista a inauguração de uma nova rota, conhecida como “Rota do Extremo Oriente”.

Putin também mencionou a diversificação do comércio, incluindo a exportação de carne suína e bovina russa para a China e a crescente presença de automóveis chineses no mercado russo, com parte da produção sendo localizada em território russo.

Cultura, esporte e turismo

Além da economia e da política, a entrevista ressaltou o papel da cooperação cultural. Putin lembrou o sucesso dos Anos da Cultura Rússia-China e anunciou que 2026-2027 serão dedicados à educação. Ele destacou o lançamento do Concurso Internacional de Música Intervision, em setembro, e a criação do Prêmio Eurasiano de Cinema Aberto, destinado a promover obras livres de “intrigas políticas” e voltadas a valores éticos e espirituais.

O turismo também foi citado como área em expansão. Segundo Putin, o fluxo de visitantes entre os dois países cresceu 2,5 vezes em 2024, atingindo 2,8 milhões de pessoas.

Defesa do multilateralismo

No campo diplomático, Putin afirmou que Rússia e China defendem uma reforma do Conselho de Segurança da ONU, com a inclusão de países da Ásia, África e América Latina, tornando-o mais democrático e representativo. O presidente russo também enfatizou a necessidade de reformar o FMI e o Banco Mundial, a fim de pôr fim ao uso das finanças como instrumento de “neocolonialismo”.

Ele reforçou que Moscou e Pequim atuam em conjunto em fóruns internacionais como o G20, os BRICS e a Apec, buscando alternativas que beneficiem “a maioria global” e promovam o progresso da humanidade.

Foto: Tass

FONTE: https://www.brasil247.com/mundo/parceria-estrategica-entre-russia-e-china-fortalece-politica-economia-e-cultura-diz-putin