Em depoimento de mais de quatro horas, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro não acrescentou novos dados e negou autoria de imagem de minuta golpista.
247 – Integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliaram que o interrogatório do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), prestado ao Supremo tribunal Federal (STF) na segunda-feira (9), serviu essencialmente para ratificar informações que ele próprio já havia fornecido em seu acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal.
Segundo o jornal O Globo, interlocutores ouvidos sob reserva avaliam que o depoimento, que durou mais de quatro horas, não apresentou novidades e tampouco ofereceu novos elementos relevantes à investigação. Embora tenha reafirmado pontos do acordo, Mauro Cid se mostrou reticente ao ser confrontado com solicitações de detalhes adicionais sobre os fatos já admitidos.
O interrogatório marcou o início da nova etapa do processo penal que investiga o núcleo 1 da tentativa de golpe de Estado no Brasil. Como delator, Cid foi o primeiro dos réus a ser ouvido. As perguntas foram conduzidas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes e pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, que questionou o militar especificamente sobre uma minuta de decreto de teor golpista, registrada em foto e encontrada em dispositivos eletrônicos do militar.
Uma das imagens analisadas mostra o documento parcialmente coberto por uma folha de papel, que oculta as disposições finais — parte considerada sensível. Ao ser questionado se teria sido o autor da foto ou do próprio texto, Cid negou: “Não fui eu quem tirou a foto. Eu nem lembrava desse documento. Só lembrei quando a Polícia Federal me mostrou no depoimento”.
A sessão foi realizada na sala da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), sob condução do relator do caso, ministro Alexandre de Moraes. Também esteve presente o ministro Luiz Fux, que integra a mesma turma e fez perguntas aos réus ao longo da fase de interrogatórios.
Todos os acusados do núcleo 1 participam presencialmente das audiências, com exceção do general e ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto. Preso preventivamente no Rio de Janeiro, ele acompanha os procedimentos por videoconferência.
Foto: Ton Molina/STF
FONTE: https://www.brasil247.com/brasil/pgr-avalia-que-interrogatorio-de-mauro-cid-confirmou-a-delacao-da-trama-golpista