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Pressão cresce sobre o clã Bolsonaro após STF formar maioria para tornar Eduardo réu

A decisão reforçou pressões de partidos da centro-direita que cobram uma definição.

247 – A formação de maioria na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) para tornar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) réu em ação penal ampliou as tensões em torno dos planos políticos da família do ex-presidente Jair Bolsonaro para 2026. A decisão, revelada pelo O Globo, reforçou pressões de partidos da centro-direita que cobram uma definição sobre quem representará o campo conservador na próxima disputa presidencial.

O avanço do processo atinge o núcleo mais próximo do ex-presidente num momento em que cresce, nos bastidores, a expectativa sobre uma eventual ordem de prisão contra Jair Bolsonaro. No julgamento virtual iniciado nesta sexta-feira, o relator Alexandre de Moraes foi acompanhado por Flávio Dino e Cristiano Zanin no recebimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O voto da ministra Cármen Lúcia ainda está pendente.

Segundo a PGR, Eduardo Bolsonaro atuou nos Estados Unidos para pressionar autoridades americanas a adotarem sanções contra integrantes do Judiciário brasileiro, medida que, segundo a acusação, buscava interferir no processo que culminou na condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe. O influenciador Paulo Figueiredo, denunciado pelos mesmos fatos, teve seu caso desmembrado.Moraes escreveu que a PGR demonstrou “presença da justa causa necessária” para instauração da ação penal e destacou que a “grave ameaça” se materializou na articulação que resultou na aplicação de tarifas de exportação ao Brasil, suspensão de vistos para autoridades brasileiras e na incidência da Lei Magnitsky ao próprio ministro. Para ele, Eduardo buscou “criar ambiente de intimidação sobre as autoridades responsáveis pelo julgamento de Jair Messias Bolsonaro” e pressionar pela tramitação de um possível projeto de anistia.

A Defensoria Pública da União, que representa o parlamentar após ele não apresentar resposta à acusação, solicitou a rejeição da denúncia. A DPU argumenta que as manifestações atribuídas a Eduardo são opiniões sobre política externa e críticas a decisões judiciais, sem ato que configure violência ou “grave ameaça”. Eduardo, que vive nos Estados Unidos, já havia respondido em nota conjunta com Paulo Figueiredo que ambos seriam alvos de “perseguição política” e que atuam para “corrigir abusos e injustiças”.

Nas redes sociais, o deputado afirmou que “se eu estiver cometendo um crime nos Estados Unidos, Moraes está acusando os Estados Unidos de proteger um criminoso” e reiterou que não busca “a absolvição do meu pai”, mas sim que “a anistia seja votada por um Congresso livre das ameaças de Alexandre de Moraes”.A denúncia do procurador-geral Paulo Gonet destaca que Eduardo e Figueiredo admitiram publicamente — em entrevistas, postagens e mensagens — ter atuado para sensibilizar autoridades americanas a impor sanções ao Brasil. Segundo Gonet, a dupla “anunciava as sanções previamente, celebrava quando eram impostas e as designava (…) como prenúncio de outras mais, caso o Supremo Tribunal não cedesse”.Disputa na direita por 2026 se intensifica

Enquanto o caso avança no Supremo, cresce a busca por um nome de consenso no campo da direita para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição do ano que vem. Líderes da centro-direita, especialmente de PSD e PP, defendem a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), considerado por esse grupo a opção mais competitiva.A família Bolsonaro, porém, resiste e tenta preservar seu protagonismo eleitoral. Em reação à decisão do STF, Eduardo Bolsonaro endossou publicamente, na sexta-feira, o nome do irmão Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como pré-candidato à Presidência.

Até recentemente, o deputado cogitava concorrer ao Planalto, movimento que havia tensionado sua relação com Tarcísio.Nas redes, Eduardo republicou mensagens defendendo que o “sobrenome Bolsonaro” esteja nas urnas em 2026 e criticando articulações de caciques de PSD e PP que tentam consolidar Tarcísio como cabeça da chapa. Uma das mensagens, de Paulo Figueiredo, dizia que Flávio e Eduardo “atendem o requisito” de representar o movimento bolsonarista, e não interesses de figuras como Gilberto Kassab ou Ciro Nogueira.

Em entrevistas recentes, Eduardo passou a evitar ataques diretos ao governador paulista, mas insistiu que um membro da família teria “conduta próxima à de Jair Bolsonaro”. Nesta quinta-feira, em entrevista à Jovem Pan, afirmou que estará “em lado oposto ao de Lula” em 2026 e que não pretende expor divergências com Tarcísio: “O próprio Tarcísio diz que é candidato à reeleição”.

O alinhamento entre Eduardo e Flávio se fortaleceu no fim de outubro, quando ambos iniciaram tratativas para visitar o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, ainda neste mês — gesto interpretado por aliados como tentativa de reconstruir capital político internacional.

Com o recebimento da denúncia praticamente consolidado na Primeira Turma, Eduardo Bolsonaro se tornará réu e terá uma ação penal aberta no STF. A partir daí, o mérito será analisado, podendo resultar em absolvição ou condenação. O julgamento deve seguir até 25 de novembro.

FOTO: Fotos Publicas

FONTE: https://www.brasil247.com/brasil/pressao-cresce-sobre-o-cla-bolsonaro-apos-stf-formar-maioria-para-tornar-eduardo-reu