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Quanto custaram as guerras dos EUA no Oriente Médio e no Afeganistão?

Mais de 20 anos de guerras dos EUA mataram diretamente cerca de 940.000 pessoas e custaram aos EUA US$ 5,8 trilhões.

O artigo publicado hoje, 24 de junho de 2025, por Marium Ali e Hanna Duggal na Al Jazeera English, intitulado “Quanto custaram as guerras dos EUA no Oriente Médio e no Afeganistão?” (How much have US wars in the Middle East and Afghanistan cost?), não traz nenhuma revelação inesperada — mas ainda assim estremece e enoja. Às vezes, o choque não vem do inédito, mas da brutalidade sistemática expressa em dados secos. É importante atentarmos aos números.
De acordo com o Costs of War Project, coordenado pelo Instituto Watson da Universidade Brown, as guerras lideradas pelos Estados Unidos desde 2001 mataram diretamente cerca de 940 mil pessoas. Considerando os efeitos indiretos — destruição de hospitais, colapso do saneamento, fome, doenças — esse número sobe para entre 4,5 e 4,7 milhões de mortos. São estimativas conservadoras.
O custo financeiro: US$ 5,8 trilhões já desembolsados. Outros US$ 2,2 trilhões ainda previstos, para bancar nas próximas décadas os cuidados com veteranos — muitos deles mutilados, mentalmente devastados ou socialmente descartados. O poder imperial não abandona seus instrumentos: desgasta-os até o osso.
A reportagem também detalha a mais recente operação militar contra o Irã, iniciada dias atrás: sete bombardeiros furtivos B-2, cada um avaliado em US$ 2,1 bilhões, lançaram 14 bombas GBU-57, projetadas para penetrar bunkers. Participaram da ação 125 aeronaves, entre caças, aviões-tanque e unidades de apoio. Uma máquina de guerra cara, precisa e projetada para jamais cessar.
Israel, por sua vez, atua em sincronia. Já recebeu mais de US$ 251 bilhões em ajuda militar norte-americana desde 1959. Apenas no último ano, foram US$ 17,9 bilhões adicionais. Segundo a mesma reportagem, até 24 de junho de 2025, 56.077 palestinos foram mortos em Gaza, com mais de 131 mil feridos. Após o rompimento do cessar-fogo em 18 de março, somam-se ao menos 5.759 mortes adicionais — também números conservadores. Os corpos soterrados sob os escombros ainda não entram na conta.
Esses números não ocupam manchetes na Europa. Tampouco nos jornais brasileiros. E não alteram os fluxos de armas. A União Europeia segue onde sempre esteve: no conforto da conveniência econômica, no silêncio diplomático e na blindagem das fronteiras. O serviço sujo foi vocalizado com franqueza pelo chanceler alemão na semana passada. Condenações protocolares à parte, o apoio europeu à ofensiva israelense segue garantido — com tecnologia, contratos e cumplicidade.
Não há exagero aqui. São dados públicos, levantados por uma universidade dos Estados Unidos. É política de Estado. O Irã é atacado por tentar afirmar sua soberania fora da esfera de controle ocidental. Gaza é punida por não desaparecer. E os EUA continuam tratando o Oriente Médio como uma zona de sacrifício prolongado — para testes armamentistas, reposicionamento estratégico e reafirmação de poder.
A reportagem de Ali e Duggal tem o mérito de não esconder os números, nem recuar diante da escala. Em tempos de manipulação, só o real escandaliza. Que as almas sensíveis — cristãs ou não — que repetem aos gritos que o regime opressor dos aiatolás “tem que acabar”, vejam esses dados. E reflitam, com alguma honestidade, sobre o que de fato precisa acabar. Ou que se afoguem na própria hipocrisia e estupidez.

FOTO: Al Jazeera

LEIA A MATERIA ORIGINAL AQUI: https://www.aljazeera.com/news/2025/6/24/how-much-have-us-wars-in-the-middle-east-and-afghanistan-cost

FONTE https://www.facebook.com/photo?fbid=2954428084736268&set=a.238686502977120