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Rússia critica operações dos EUA no Caribe e reforça apoio à Venezuela

Moscou denuncia uso da luta antidrogas como pretexto militar e alerta para violações da soberania regional.

247 – O governo da Rússia manifestou seu apoio ao governo de Venezuela e expressou “extrema preocupação” com as ações militares dos Estados Unidos no sul do Caribe, classificadas como uma interferência direta nos assuntos internos dos países da região. As informações são do jornal teleSUR, que divulgou em detalhes a coletiva da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, María Zakharova.

O portal lembra que a região foi proclamada Zona de Paz em 2014, o que torna ainda mais grave, segundo Moscou, a crescente militarização promovida por Washington.

“Estamos extremamente preocupados”: Rússia denuncia interferência

Durante a coletiva, Zakharova alertou que seu país acompanha atentamente a situação:
“Estamos extremamente preocupados com os métodos militares para solucionar os problemas, que são uma interferência aberta nos assuntos internos de Estados latino-americanos.”

A diplomata reafirmou que Moscou mantém contato direto e contínuo com Caracas e que está pronta para apoiar a Venezuela “de forma adequada” diante dos desafios presentes e futuros: “Mantemos um contato estreito e constante com nossos amigos venezuelanos.”

 “Estamos dispostos a responder adequadamente às solicitações de Caracas, levando em conta tanto os desafios atuais quanto os potenciais.”

Rússia acusa Washington de usar a luta antidrogas como arma política

Zakharova condenou o uso da política antidrogas pelos Estados Unidos como instrumento geopolítico: “Nos opomos firmemente ao uso da luta contra as drogas como ferramenta de pressão contra Estados soberanos.”

Ela também criticou o uso da força contra Caracas: “Estas ações contradizem diretamente as obrigações legais internacionais dos Estados Unidos, em virtude da Convenção das Nações Unidas de 1988 contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas.”

A porta-voz afirmou que Washington deveria concentrar-se em seus próprios problemas internos relacionados às drogas: “Quem, dentro de seu país, fez lobby durante as últimas décadas pela legalização das drogas e quem mental, filosófica, teórica e praticamente acostumou a sociedade norte-americana a uma nova normalidade, que inclui uma atitude em relação às drogas como uma espécie de salvação?”

Ela também questionou a normalização do consumo nas grandes cidades dos EUA: “Por que há tantas pessoas nas ruas de diversas de suas cidades que abertamente consomem drogas?”

Denúncia da Doutrina Monroe: “Não se renunciou a ela”

A diplomata afirmou que a política externa dos EUA segue orientada pela Doutrina Monroe: “Não se renunciou a ela, se observarmos o que tem ocorrido nos últimos anos nesta área.”

Zakharova também citou críticas ocidentais quando a Rússia alertava para os riscos da “terapia substitutiva”: “Toda vez que expusemos estes perigos, foram precisamente os representantes da comunidade ocidental, os Estados Unidos, que nos criticaram.”

Operação “Lança do Sul” aumenta tensão regional

As declarações de Moscou ocorrem após o anúncio, na véspera, do secretário de Guerra dos Estados Unidos, Peter Hegseth, que informou o início da operação “Lança do Sul”. Segundo ele, a missão tem como objetivo: “Eliminar os narcoterroristas do nosso hemisfério e proteger nossa pátria das drogas que estão matando nosso povo.”

Desde agosto, Washington deslocou navios de guerra, submarinos, aviões de combate e tropas para as proximidades das costas venezuelanas, sob o argumento de combater o narcotráfico. Bombardeios já realizados contra supostas “narcolanchas” no Caribe e no Pacífico deixaram mais de 70 mortos, segundo teleSUR.

Apelo ao diálogo e à contenção

Zakharova reforçou o compromisso de Moscou com soluções pacíficas: “A Rússia defende tradicionalmente o desenvolvimento estável dos países da América Latina e do Caribe, assim como a resolução de todas as diferenças por meios pacíficos e civilizados.”

E concluiu pedindo responsabilidade às partes envolvidas: “Que todos se abstenham da escalada e promovam a busca de soluções para os problemas existentes de maneira construtiva, respeitando as normas do direito internacional.”

Foto: Canal Telegram de Zakharova

FONTE: https://www.brasil247.com/americalatina/russia-critica-operacoes-dos-eua-no-caribe-e-reforca-apoio-a-venezuela