Ao encerrar o encontro anual do Novo Banco de Desenvolvimento, ela destacou setores prioritários como energia limpa, inovação, impacto social e saneamento.
A presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, encerrou nesta sexta-feira (5) o décimo encontro anual da instituição com um discurso firme em defesa da cooperação entre países do Sul Global e da promoção de um desenvolvimento sustentável e tecnológico. “Somos um banco feito por países do Sul Global para o Sul Global”, afirmou Dilma, durante a coletiva de imprensa de encerramento do evento, realizado no Rio de Janeiro — cidade que sediou esta edição do fórum em celebração aos dez anos do banco, fundado em 2014, na cúpula do BRICS em Fortaleza.
Por Leonardo Attuch, do Brasil 247, no Rio de Janeiro
Dez anos de história e novos membros
Dilma celebrou a marca de uma década de criação do NDB, que hoje reúne 11 países membros e está em processo de expansão. Segundo ela, o conselho de governadores aprovou a entrada da Colômbia, do Uzbequistão e da Argélia, que se somam aos fundadores — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — e a outros integrantes. “Existem outros países planejando entrar, mas ainda não podemos divulgar os nomes”, revelou.
Prioridades: energia, inovação, infraestrutura e impacto social
Durante a coletiva, Dilma destacou que uma das principais missões do banco é financiar projetos ligados à inovação, ciência e tecnologia, com foco especial na transição energética. Ela relembrou os ataques que sofreu quando, em seu mandato presidencial, falou sobre o armazenamento de energia eólica e solar. “No passado, eu lembro de quando falava em armazenar vento e sol. Toda a imprensa brasileira achava que isso era uma ignorância. Pois saibam que este é um dos temas mais importantes hoje”, afirmou, ressaltando o papel estratégico das baterias para estabilizar os sistemas elétricos.
Além da energia limpa e da mobilidade urbana, Dilma apontou outras frentes prioritárias para o banco: infraestrutura, projetos com impacto social e o saneamento básico. “São áreas fundamentais para melhorar a vida das pessoas, reduzir desigualdades e garantir um desenvolvimento sustentável”, afirmou.
Desenvolvimento sem imposições
A presidente do NDB ressaltou que o banco já aprovou 122 projetos de investimento, que somam US$ 40 bilhões, todos alinhados à Agenda 2030 da ONU. “Nossa relação funcional é baseada na igualdade. Não podemos exercer condicionalidade, como, por exemplo, exigir privatizações”, destacou. Dilma também fez questão de lembrar que o nome da instituição carrega a palavra “desenvolvimento”, o que, segundo ela, implica o compromisso com a reindustrialização de qualidade.
Ela mencionou ainda as vocações específicas de cada país membro. “O Brasil é referência em biocombustíveis. A China se destaca nos carros elétricos e na robótica. A Índia tem uma especialidade enorme em economia digital. Tudo isso queremos transacionar entre nossos países”, disse.
Brasil na liderança
O Brasil tem papel de destaque nas operações do NDB. Até o momento, 29 projetos foram aprovados no país, totalizando US$ 7 bilhões em investimentos. Dilma informou que uma das principais metas para os próximos anos é ampliar o uso de moedas locais nas operações financeiras. “Queremos avançar na adesão de novos membros de forma estratégica e ampliar o uso de moedas locais. Essa é uma grande prioridade”, afirmou.
O encontro anual do NDB reafirma o papel do banco como instrumento de fortalecimento da cooperação entre países em desenvolvimento, promovendo um modelo de crescimento mais justo, inclusivo e voltado para a sustentabilidade e a inovação.
Foto: Brasil 247
FONTE: https://www.brasil247.com/brasil/somos-um-banco-feito-por-paises-do-sul-global-para-o-sul-global-diz-dilma-rousseff