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Superioridade de armamentos chineses no conflito Indo-Paquistanês assusta o ocidente

No dia 7 de maio de 2025, o ministro das Relações Exteriores paquistanês afirmou que a força aérea de seu país abateu 5 caças indianos, no recente conflito na fronteira entre os dois países. Seriam eles 3 caças Rafales(origem francesa), um SU-30 e um Mig-29 (origem russa). Embora a Índia negue o ocorrido, ao menos o abate de um dos Rafales foi confirmado por agente da inteligência francesa, algo confirmado por fotos de destroços da aeronave divulgados pelo Paquistão. O autor do abate? Segundo as fontes paquistanesas, caças J-10CE, de fabricação chinesa. A gigantesca repercussão do ocorrido, que afetou até mesmo as ações das empresas envolvidas, foi tão grande que alguns já chamam de “momento Deepseek” da indústria de defesa chinesa.

*escrito por Henrique Alvarez

​O Rafale é um dos melhores caças ocidentais de 4,5º geração. Isso quer dizer que ele não possui algumas capacidades de um caça de 5º geração (a mais avançada entre as aeronaves operacionais), como a baixa visibilidade ao radar, mas é equipado com sensores e armamentos em linha com o que existe de mais avançado em sistemas militares, na atualidade. É necessário acrescentar que caças de 5º geração são extremamente caros para adquirir e operar e, por isso, ainda são utilizados por poucas forças aéreas no mundo.

​Uma prova de sua sofisticação em relação aos concorrentes é o seu êxito ao ganhar diversas concorrências pelo mundo, e sendo adquirido por países como a Índia, Emirados Árabes Unidos, Egito, entre outros. Enquanto isso, os caças chineses tinham sua reputação contestada devido a ausência de conflitos em que fossem postos à prova e um certo preconceito contra produtos chineses. O J-10CE, versão de exportação do caça chinês de 4,5º geração e desenvolvido com provável parceria e tecnologia israelense, até o momento só foi exportado para o próprio Paquistão.

​Eis que as notícias dão conta de que os J-10CE paquistaneses, utilizando mísseis de longo alcance PL-15E (ambos produzidos por subsidiárias do gigantesco conglomerado de aviação chinês AVIC) teria sido o responsável pelo abate dos Rafales indianos. Ao que parece, a Força Aérea do Paquistão estava melhorpreparada, utilizando aeronaves AEW&C para alerta antecipado, adquiridas da sueca SAAB (uma notícia interessante para o Brasil, já que as aeronaves AEW&C R-99, produzidas pela EMBRAER e que equipam nossa força aérea, utilizam radar Erieye, similar ao utilizado pelas aeronaves da SAAB). Com as aeronaves paquistanesas voando a baixa altura para dificultar sua detecção e o apoio dos radares das aeronaves de alerta antecipado, as aeronaves indianas que buscavam disparar mísseis de cruzeiro contra o território paquistanês teriam se tornado um alvo mais vulnerável.

Somente com o tempo dará para compreender o que realmente aconteceu. Mas algumas observações precisam ser feitas:

• Tanto os caças J-10CE quanto os mísseis PL-15E, são versões de exportação e, portanto, inferiores ao que os próprios chineses empregam. Além disso, estamos falando de uma aeronave de 4,5º geração. Os chineses já operam aeronaves de 5º geração, como o J-20, que sempre tiveram sua capacidade contesta em relação aos similares ocidentais, e já realiza voos experimentais de caças de 6º geração, tecnologia na qual aparentam estar na frente dos países ocidentais.

• O ocorrido é uma bomba no mercado de defesa. As primeiras notícias já foram suficientes para fazer cair as ações da Dassault Aviation, fabricante do Rafale e elevar as ações da Chengdu Aircraft Corporation, fabricante do J-10CE, em mais de 18%. Os produtos chineses, que ainda possuem a vantagem de serem menos custosos que os similares ocidentais devem aumentar sua aceitação no mercado de defesa.

 • A guerra de versões ainda deve durar e é necessário calma para avaliar os impactos no longo prazo. Em 2019, o Paquistão alegou ter derrubado um caça MIG-21 e um SU-30 da Força Aérea Indiana, utilizando um caça JF-17, também desenvolvido pela Chengdu em conjunto com a indústria paquistanesa. A Índia só reconheceu o abate do MIG-21 e alegou que o caça que o abateu não foi o JF-17 e sim um F-16 (modelo americano) da Força Aérea do Paquistão. Esse caso evidência como esse tipo de abate pode ser utilizado como forma de propaganda. A troca de versões conflitantes entre os dois lados ainda será intensa.

FOTO: Chengdu Aircraft Corporation

FONTE: https://www.paulogala.com.br/superioridade-de-armamentos-chineses-no-conflito-indo-paquistanes-assusta-o-ocidente/