“O projeto de Lula é taxar os super ricos, o de Bolsonaro é taxar o Brasil!”, diz o novo mote do Palácio do Planalto.
247 – Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que a nova medida adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode representar um divisor de águas no cenário político nacional. De acordo com o jornal O Globo, a sobretaxa de 50% sobre todos os produtos brasileiros anunciada por Trump é vista pelo Palácio do Planalto como uma oportunidade estratégica para enfraquecer a retórica “patriótica” de Jair Bolsonaro (PL) — admirador declarado do mandatário norte-americano — e minar a força do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na corrida presidencial de 2026.
A medida, anunciada em carta oficial assinada por Trump e enviada ao governo brasileiro, gerou uma reação imediata do entorno de Lula. No Planalto, surgiu o slogan: “o projeto de Lula é taxar os super ricos, o de Bolsonaro é taxar o Brasil!”, rapidamente vocalizado pela ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT). A ministra já vinha alertando para o que classificou como uma “conspiração” contra o país, referindo-se à visita do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aos Estados Unidos — que, segundo Lula, teria atuado diretamente para convencer Trump a adotar medidas econômicas retaliatórias.
“O seu Tarcísio pode tirar, mas não vale tentar esconder o chapeuzinho do Trump, não. Pode ficar mostrando para a gente saber quem você é. Está cheio de lobo com pele de carneiro”, declarou Lula, em entrevista à Record, relembrando o uso do boné com o slogan “Make America Great Again” por parte do governador paulista.
Trunfo político e reação estratégica – No Planalto, a sobretaxa é interpretada como uma oportunidade inédita para contrastar a atuação de Lula com a de seus adversários da extrema direita. A estratégia é evidenciar o empenho do presidente em proteger o setor produtivo nacional, em contraposição ao alinhamento automático de Bolsonaro e seus aliados com interesses estrangeiros — mesmo quando esses resultam em prejuízos diretos ao Brasil.
A avaliação interna é de que o impacto econômico das tarifas, que entram em vigor em 1º de agosto, será monitorado com lupa. O PT pretende quantificar e divulgar as perdas de setores produtivos para reforçar o discurso de que Bolsonaro e sua família agem contra a soberania brasileira. O caso também será explorado como munição contra Tarcísio de Freitas, apontado como o nome mais viável da direita para 2026, sobretudo após sua reação classificada como “ambígua” dentro do governo.
Centrão analisa cenário com cautela – Lideranças de centro-direita como PP, MDB e PSDB, relata o jornal O Globo, avaliam que a crise provocada pelo tarifaço tem potencial para abalar as bases do bolsonarismo. Embora reconheçam que ainda há “um longo caminho” até as eleições de 2026, parlamentares desses partidos admitem que o impacto da sobretaxa pode reposicionar o debate público sobre soberania, patriotismo e interesses nacionais. Para eles, a ofensiva de Trump, supostamente articulada por Eduardo Bolsonaro, pode se tornar um divisor de águas.
A queda de influência de Jair Bolsonaro no ambiente digital e os crescentes embates judiciais que enfrenta contribuem, segundo essas lideranças, para abrir espaço à emergência de um novo nome no campo da centro-direita. Tarcísio de Freitas, embora ainda favorito nesse grupo, foi criticado pela tibieza com que tratou a taxação, que ele classificou apenas como “deletéria”.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
FONTE: https://www.brasil247.com/brasil/tarifaco-de-trump-fragiliza-bolsonaro-fortalece-lula-e-vira-arma-contra-tarcisio-na-disputa-de-2026-l20t72yz