Desde o século XIX, os Estados Unidos se consideram “a nação escolhida”, e essa crença é refletida na doutrina do Destino Manifesto, que determina que o país tem a suposta missão divina de se expandir pelas Américas e pelo mundo.
Com a Segunda Guerra Mundial, que colocou países europeus em forte crise econômica, os EUA se consolidaram como a principal potência do mundo e, desde então, criaram mecanismos para garantir essa hegemonia.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Roberto Moll Neto, professor de história da América na Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador da Rede de Estudos dos Estados Unidos, explica que a Doutrina Truman foi uma agressiva política de contenção que tinha como verdadeiro objetivo “estabelecer uma política de portas abertas no mundo inteiro para a economia estadunidense”.
“De certa maneira, é essa política de contenção que vai ser a gênese da Guerra Fria. […] E aí os EUA passam a intervir, sob a justificativa de conter um avanço, um suposto avanço da União Soviética, a partir de ações militares em outros países e […] de todo tipo de tentativa de atrelar os países, principalmente da Europa Ocidental e da América Latina, à esfera de influência dos EUA dentro da Guerra Fria.”
“A experiência dos EUA na América Latina, de certa forma, constrói um modelo de aliança, por exemplo, dos EUA com as elites latino-americanas. […] Os EUA vão se apropriar desse modelo, vão aperfeiçoar esse modelo, vão ajustar esse modelo às condições do século XX, e depois espalhar esse modelo para outras regiões do globo.
Nesse contexto, o especialista afirma que o filme “Ainda estou aqui”, que recentemente concorreu ao Oscar, “é sensacional nesse sentido”.
“Eu acho que o filme, na verdade, é muito bom para a gente lembrar o que está acontecendo e para a gente evitar que algo semelhante ao que acontece no filme volte a acontecer, que é justamente a imposição de um governo autoritário, ditatorial, que some e mata, assassina as pessoas”, observa Moll Neto.
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