Autoridades dizem que presidente dos EUA considera ação em solo e naval contra supostas instalações e rotas de cocaína na Venezuela.
247 – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está considerando uma ação contra instalações usadas para produção de cocaína ou que servem como rotas de narcotráfico dentro da Venezuela. A informação foi obtida por meio de três autoridades americanas consultadas pela CNN.
O envio do porta-aviões Gerald R. Ford – o maior do mundo – às águas da América do Sul, junto com escolta de contratorpedeiros e caças, representa uma das decisões mais audaciosas do país referentes à região do hemisfério sul desde a Guerra Fria. O deslocamento naval acompanha manobras conjuntas com o país caribenho de Trinidad e Tobago, situado a poucos quilômetros da costa venezuelana.
Escalada militar e foco naval
As forças estadunidenses já têm atacado embarcações suspeitas que transitam por águas internacionais próximas à Venezuela e à Colômbia. Dez barcos foram afundados e 46 pessoas morreram desde o início da campanha, segundo fontes ouvidas pela reportagem.Trump também autorizou operações secretas da CIA na Venezuela com o objetivo de desmantelar supostas redes de narcotráfico. Existe o receio que as alegações de combate ao tráfico de drogas sejam um pretexto para derrubar o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, do poder.
Autoridades indicaram que, embora não exista ainda decisão final, “há planos na mesa que o presidente está considerando” e que “[Trump] não descartou a diplomacia”. A operação naval tem como justificativa a “diretriz do presidente de desmantelar as organizações criminosas transnacionais e conter o narcoterrorismo em defesa da pátria”, segundo comunicado do porta-voz do Pentágono, Sean Parnell.
Possibilidade de ação militar em terra
Ainda conforme fa reportagem, várias propostas foram apresentadas ao presidente Trump e o planejamento envolve diferentes agências governamentais com foco na apreensão de drogas que supostamente estariam sendo transportadas via Venezuela. Embora uma incursão terrestre exija normalmente aprovação do Congresso dos EUA, Trump declarou à CNN que “não vou necessariamente pedir uma declaração de guerra. Acho que vamos simplesmente matar as pessoas que estão trazendo drogas para o nosso país.”
Reação de Caracas e repercussão regional
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou Washington de estar “inventando uma nova guerra eterna” e afirmou que “os Estados Unidos inventam um relato extravagante, vulgar, criminoso e totalmente falso”. Enquanto isso, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), manifestou preocupação com a escalada militar, enfatizando que “é muito melhor os EUA se disporem a conversar com as polícias dos países, com o Ministério da Justiça de cada país, para fazermos ações conjuntas”.
Contexto e dúvidas jurídicas
Relatórios da Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA) e da Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) não classificam a Venezuela como um dos maiores produtores de cocaína — as plantações concentram-se principalmente na Colômbia, no Peru e na Bolívia. Mesmo assim, a localização estratégica do país e suas águas próximas colocam o país no foco para possíveis ações de interrupção de rotas de tráfico.
Analistas de segurança avaliam que o envio do porta-aviões e forças de escolta proporciona aos EUA múltiplas opções de atuação – desde operações navais até apoio a eventual ação terrestre. O deslocamento do porta-aviões e seu grupo de ataque, que partiu do Mediterrâneo, levará cerca de sete a dez dias para atingir sua posição no litoral da América do Sul.
Foto: Divulgação I Logan Goins/Marinha dos Estados Unidos
FONTE: https://www.brasil247.com/americalatina/trump-nao-descarta-planos-para-realizar-ataques-diretos-ao-territorio-venezuelano
 
															