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Trump, o mafioso internacional

O presidente americano Donald Trump vem sendo acusado, por críticos e observadores internacionais, de agir como um verdadeiro “mafioso global”, utilizando métodos de pressão, intimidação e barganha que evocam práticas típicas de organizações criminosas para obter vantagens diplomáticas, políticas e pessoais.

Pressão Sobre a Justiça Brasileira e Israelense

Nos últimos meses, Trump intensificou a pressão sobre diferentes sistemas judiciários ao redor do mundo, com destaque para o Brasil e Israel.

  • No caso brasileiro, Trump condicionou relações comerciais e institucionais à decisão dos tribunais em processos envolvendo aliados políticos, principalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ameaçou, por exemplo, impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros na tentativa de influenciar decisões do Supremo Tribunal Federal e de enfraquecer adversários do bolsonarismo.
  • Em relação a Israel, o comportamento foi semelhante: Trump procurou interferir em processos judiciais sensíveis, buscando proteger aliados e pressionando autoridades locais a aderirem a acordos sob ameaça de isolamento diplomático ou retaliações econômicas.

Métodos de Intimidação e “Acordos” Forçados

O modus operandi atribuído a Trump inclui:

  • Ameaças diretas a opositores e instituições que não aceitam suas propostas, evocando uma lógica de “ou assina, ou paga o preço”.
  • Oferta de acordos bilaterais vantajosos, seguidos de coação em caso de recusa, seja com sanções econômicas, boicotes ou exclusão de negociações internacionais.
  • Uso da máquina diplomática americana como ferramenta de pressão, interferindo nos assuntos internos de outros países para beneficiar agendas pessoais ou de aliados.

Características Mafiosas na Política Internacional

  • Personalização das relações diplomáticas: em vez de atuar com base em interesses de Estado, Trump frequentemente privilegia interesses pessoais ou de aliados, usando o poder presidencial como instrumento de barganha direta.
  • Intimidação pública: discursos e posts em redes sociais com ameaças explícitas (ou veladas) contra líderes e instituições estrangeiras.
  • Punir a dissidência: quem resiste às condições impostas por Trump, seja governo, empresa ou magistrado, costuma enfrentar retaliações múltiplas, de restrições comerciais a redução de cooperação diplomática.
  • Negociações à margem das instituições: frequentemente, paralelamente à diplomacia formal, Trump impulsiona “acordos” extra-oficiais — próprios de chefes de organizações clandestinas.

Comparações e Reações

  • Analistas internacionais têm comparado as táticas de Trump àquelas vistas em lideranças mafiosas históricas. Segundo estudiosos de relações internacionais, a diplomacia americana sob seu comando adota métodos de “persuasão” que se aproximam de práticas de extorsão.
  • Reações de governos: Autoridades brasileiras e israelenses expressaram preocupação com o que chamam de “interferência inaceitável” e “pressão ilegítima”, defendendo a autonomia de seus sistemas judiciais diante das ameaças e imposições americanas.

Tabela: Estratégias Clássicas de Poder e Elementos Mafiosos Atrelados a Trump

EstratégiaElementos Associados a TrumpPrática Mafiosa Similar
Ameaça de sançõesTarifas, boicotes, isolamento financeiro“Ou me obedece, ou se exclui”
Pressão sobre judiciárioCondicionar apoios à absolvição de aliadosSuborno, pressão a juízes
Transações políticas privadasAcordos secretos, vantagens para aliadosFavores em troca de lealdade

Implicações para a Ordem Internacional

O “método mafioso” atribuído à atuação de Trump coloca em xeque o equilíbrio do direito internacional e das instituições multilaterais. A lógica da intimidação sobre Estados soberanos e cortes independentes ameaça o próprio conceito de soberania e respeito mútuo entre nações, ao mesmo tempo em que enfraquece mecanismos de cooperação e legalidade democráticos.

Especialistas alertam que, ao importar práticas autoritárias e personalistas para os palcos globais, Trump rebaixa padrões civilizatórios, encorajando outros líderes a imitarem sua estratégia — o que pode levar a mais instabilidade e arbitrariedades em escala mundial.

O debate sobre as implicações éticas e políticas desse comportamento segue mobilizando juristas, diplomatas e sociedades civis em defesa da autonomia dos países e do respeito às normas internacionais.

FOTO: Joyce N. Boghosian

LEIA A MATERIA ORIGINAL AQUI: https://www.liberation.fr/idees-et-debats/opinions/donald-trump-parrain-mafieux-international-20250710_SWXLNBAIWNDRBH2UCHOONWORBI/