Presidente do PCO analisa a decisão de Trump de congelar a USAID e seus impactos geopolíticos.
247 – Em entrevista à TV 247, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, analisou a recente decisão do presidente dos Estados Unidos Donald Trump de congelar os recursos da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Segundo Rui, essa medida pode significar um golpe profundo nas estratégias de intervenção imperialista norte-americana em diversas partes do mundo.
“A USAID sempre foi um braço da política criminosa do imperialismo norte-americano, financiando golpes de Estado, desestabilizações e intervenções”, afirmou Rui. Segundo ele, a agência, criada em 1961, desempenhou um papel central em episódios como o golpe militar no Brasil em 1964, as tentativas de derrubada do governo da Venezuela e a promoção de revoluções coloridas em diversos países. “Onde há um golpe, você encontra a USAID por trás”, declarou.
Trump contra o próprio sistema
Para Rui Costa Pimenta, a decisão de Trump não significa um rompimento com o imperialismo, mas reflete uma mudança estratégica em sua política externa. “Trump não acredita que os Estados Unidos tenham condições de bancar o aparato de policiamento internacional como foi feito até agora. Ele acha que isso está levando o país à falência”, explicou.
A análise do presidente do PCO vai além da questão econômica. Segundo ele, Trump teme que a máquina de desestabilização que os EUA utilizam contra governos estrangeiros possa ser usada contra ele próprio. “Esse pessoal poderia muito bem organizar um golpe contra o próprio Trump. A USAID é uma caixa-preta, ninguém sabe para onde vai todo o dinheiro”, destacou.
A retração do imperialismo
Rui argumentou que a política externa de Trump difere das administrações anteriores, incluindo a de Joe Biden, por representar uma tentativa de retração do imperialismo. “Trump não está interessado em bancar aventuras militares na Síria, por exemplo. Para ele, isso é problema das petroleiras e dos bancos internacionais, não do governo norte-americano”, analisou.
No entanto, ele ponderou que Trump não tem controle absoluto da situação e pode ser pressionado a adotar medidas mais intervencionistas. “Ele não manda no mundo nem nos Estados Unidos. O poder dele é limitado”, afirmou.
A política externa e o Brasil
Na entrevista, Rui também abordou a política externa brasileira e a relação do governo Lula com o imperialismo. Ele criticou a abordagem econômica da atual administração, afirmando que o governo “segue a receita do FMI” ao não promover mudanças estruturais. “O PT tem um otimismo que não se justifica. A política econômica precisa de uma guinada”, disse.
O líder do PCO também comentou a aproximação entre os Estados Unidos e a Venezuela, destacando que a medida faz parte da tentativa de Trump de reduzir a dependência do petróleo do Oriente Médio. “Entre gastar bilhões de dólares em guerras no Oriente Médio e comprar petróleo da Venezuela, ele prefere a segunda opção”, pontuou.
A eleição brasileira e o papel do PCO
Questionado sobre as eleições de 2026, Rui Costa Pimenta afirmou que o PCO pretende lançar candidatura própria, criticando o alinhamento do PT com o sistema. “Nós achamos que é muito importante delinear claramente as diferenças com o PT”, justificou, pontuando que ele próprio deverá ser o candidato.
Ele reconheceu, no entanto, que uma candidatura do PCO teria dificuldades diante da polarização política e do voto útil. “O PT ocupa muito eleitoralmente o espaço do PCO. Setores que poderiam votar em nós acabam votando no Lula”, avaliou.
O futuro da geopolítica
Na visão de Rui Costa Pimenta, a decisão de Trump de atacar a USAID é um indicativo de uma mudança profunda na política imperialista dos Estados Unidos. “Se isso se concretizar, será um dos maiores golpes contra a política de golpes de Estado e de desestabilização do mundo inteiro”, afirmou.
Entretanto, ele destacou que ainda é cedo para afirmar até onde essa política será levada. “Trump pode querer implodir esse sistema, mas não sabemos se ele conseguirá. O que sabemos é que o imperialismo está em crise e isso abre novas possibilidades para os povos do mundo”, concluiu. Assista:
FONTE: https://www.brasil247.com/entrevistas/trump-pode-implodir-o-imperialismo-diz-rui-costa-pimenta