A morte do jornalista mostra feridas ainda abertas do regime militar e reforça o papel da memória na defesa da democracia.
247 – Há exatos 50 anos, em 25 de outubro de 1975, o jornalista, professor e diretor de jornalismo da TV Cultura, Vladimir Herzog, apresentou-se voluntariamente ao DOI-CODI do II Exército, em São Paulo, onde foi detido, torturado e morto. A versão oficial divulgada pelo regime militar falava em “suicídio”, mas a verdade, revelada ao longo dos anos, fez dele símbolo da luta pela democracia e da memória política no Brasil.
O caso Herzog tornou-se um divisor de águas na história política do país. Sua morte dentro das dependências do regime militar mobilizou uma multidão e resultou em um ato ecumênico na Catedral da Sé, em São Paulo, que se transformou no primeiro grande protesto público contra a repressão desde a decretação do AI-5.
Um crime que expôs a ditadura
Convocado pelos órgãos de repressão sob a acusação de ter “ligações comunistas”, apresentou-se voluntariamente ao DOI-CODI em São Paulo. Jamais sairia de lá com vida. Horas depois, seu corpo foi encontrado com evidentes marcas de tortura. O laudo oficial, no entanto, tentou encobrir o crime ao registrar a morte como “suicídio” — uma farsa desmentida pelas próprias evidências: os pés tocavam o chão e os joelhos estavam fletidos.
Cinco décadas depois, o assassinato de Vladimir Herzog continua a ecoar como alerta. Sua história lembra que a tortura e o assassinato em nome da “segurança nacional” deixaram um legado de impunidade, e que o reconhecimento oficial da verdade — embora fundamental — não substitui a ausência de responsabilização.
Para Ivo Herzog, filho de Vladimir, o maior risco é o esquecimento. “Há quem subestime o autoritarismo”, disse ele, reforçando que a democracia não é permanente e que entender as origens da repressão é essencial para evitar a fragilização democrática.
Cinquenta anos após sua morte, a história de Vladimir Herzog não é apenas um capítulo do passado, mas um reflexo do presente. A tortura que o silenciou reside em apagamentos, em estatísticas de impunidade e em abusos de poder. A cerimônia ecumênica realizada em sua homenagem simbolizou que lembrar é um ato político — e que transformar a memória em resistência é manter viva a democracia.
FONTE: https://www.brasil247.com/brasil/vladimir-herzog-50-anos-do-crime-que-expos-a-ditadura
 
															