“Repensar o uso da internet e a militância política nos tempos atuais é de suma importância”.
Imagina esta metáfora, ela irá ajudar no entendimento de situações que vivemos atualmente:
Nosso time vai jogar no campo do adversário.
Ao “adversário”, leia-se: dono; pertencem:
– a bola;
– o estádio;
– o time adversário;
– o juiz;
– os bandeirinhas;
– o VAR (“Video Assistant Referee”);
– a torcida;
– e as mídias que transmitem o jogo.
O dono de tudo isso, o tal do “adversário”, tem o seu lugar cativo na tribuna de honra do estádio. Ele está lá na tribuna confortavelmente sentado, vendo as peças do jogo se movimentar no tabuleiro para o seu enriquecimento.
Em realidade, o nosso time defende os interesses do time adversário também. E não só isso, defende os interesses do juiz, dos bandeirinhas, da torcida adversária e dos jornalistas que trabalham nas mídias que transmitem o jogo, mas todos esses ou foram comprados e/ou cooptados pelo dono que senta na tribuna de honra do estádio. Inclusive, alguns jogadores do nosso time, também foram “comprados” pelo cara que está sentado na tribuna. Então, todos estes que deveriam ser nossos aliados, nos consideram mais do que adversários, nos consideram inimigos, se pudessem nos eliminariam. E em realidade, o real inimigo está sentado na tribuna, mas eles não percebem isso ou fingem não perceber esta obviedade.
Agora eu te pergunto:
Qual a possibilidade do nosso time ganhar esta partida nestas condições?
A resposta óbvia é:
Nenhuma!
Essa é uma forma metafórica de mostrar a diferença entre governar e estar no poder. Independente do espectro político que esteja no governo, seja direita, esquerda, ou qualquer outra denominação, o poder, o real poder, está em outras mãos. Está nas mãos do(s) cara(s) sentado(s) lá na(s) tribuna(s) de honra. Atualmente este poder está no domínio financeiro dos fundos trilionários do Sistema Neoliberal.
Quem pensa que esse jogo desonesto “vai dar bom” (como popularmente se diz), pois nossos representantes estão tentando negociar com os donos do poder, ou está enganado, ou enganando. E atualmente tem muita gente enganando e ampliando a massa de enganados nas redes sociais em troca de “clickbaits”. Esses enganadores, eu costumo chamar de “coaches” ideológicos. É importante dizer que existem estes “coaches” em todas as variantes de espectros de ideologia política. Eles passam pano de um lado, criticam ferozmente o outro lado e assim empurram seus seguidores para seitas ideológicas nas bolhas das redes sociais.
Nestas citadas bolhas ideológicas, o pensamento crítico é proibido e o culto à personalidade de líderes políticos é exaltado, o que, aliás, não provoca nenhuma melhora na condição de vida dos trabalhadores. Pelo contrário, todos ficam imensos em uma profunda ilusão, ao ponto de não mais saber se a luz no fim do túnel é a do Sol ou de um trem vindo em sua direção. Um lado grita “Viva Fulano!!!”, o outro, grita “Viva Ciclano!!!”, e assim, essa superficialidade fanática confunde os tolos, os quais se julgam militantes por estarem dando esses gritinhos exaltados. Fanatização sempre foi um bom negócio para explorar os incautos. E o que mais vemos hoje em dia é a fanatização ocorrendo nas redes sociais para a monetização de “influencers” pseudo-ideológicos.
Devido a toda essa falta de aprofundamento nas questões políticas e econômicas, a mitigação das perdas dos trabalhadores acaba sendo confundida com conquistas, pura e lamentável ilusão. No caso das bolhas é uma ilusão ideológica coletiva e almejada. E como estamos imersos nesta “seitalização” da política, permanece tudo como dantes no Quartel de Abrantes, e a nossa vida vai sendo corroída cada vez mais pelo Neoliberalismo.
É assim, que o(s) cara(s) sentado(s) na(s) tribuna(s) de honra do estádio permanece(m) aproveitando a vida, aconchegado(s) em berço esplêndido e curtindo com a nossa cara. Enquanto isso, nós continuamos com nossos gritinhos exaltados que não mudam em nada a nossa situação.
Repensar o uso da internet e a militância política nos tempos atuais é de suma importância, caso se queira algum avanço das lutas em prol dos trabalhadores. Caso contrário a massa de enganados irá aumentar cada vez mais, o que se torna de extremo perigo para as forças democráticas do país, pois essa massa de fanatizados pode ser usada facilmente para fins inescrupulosos, como vimos recentemente no caso da tentativa de golpe que ocorreu no Brasil.
Foto: Joedson Alves/Agência Brasil
FONTE: https://www.brasil247.com/blog/a-fanatizacao-das-massas