O analista político Marco Fernandes, em sua afirmação de que a tecnologia dos mísseis hipersônicos “não caiu do céu”, sugere que o avanço iraniano nessa área está ligado a acordos secretos e cooperação tecnológica com potências como Rússia e China. Essa avaliação é consistente com o histórico e as evidências disponíveis sobre o desenvolvimento do arsenal balístico do Irã.
Desenvolvimento do programa de mísseis hipersônicos iranianos
O Irã anunciou oficialmente o desenvolvimento do míssil balístico hipersônico Fattah-1 em 2022, uma arma capaz de atingir velocidades superiores a Mach 5 (cinco vezes a velocidade do som), com capacidade de manobra durante o voo para evitar sistemas de defesa antimísseis, e alcance estimado em cerca de 1.400 km, o suficiente para atingir Israel e outros alvos regionais.
O Fattah-1 utiliza tecnologia avançada, como motores de combustível sólido e bocais móveis que permitem mudanças de trajetória durante a reentrada na atmosfera, características que dificultam sua interceptação. Essa tecnologia representa um salto significativo para o Irã, que já possuía um programa balístico robusto, mas agora incorpora capacidades hipersônicas que até recentemente eram exclusivas de potências militares como Rússia, China e Estados Unidos.
Influência da Rússia e da China
A Rússia e a China são líderes mundiais no desenvolvimento de mísseis hipersônicos, com projetos como o russo Avangard e o chinês DF-17. O Irã, historicamente, tem mantido relações estratégicas com esses países, especialmente com a Rússia, que tem fornecido tecnologia militar, know-how e apoio técnico ao programa de mísseis iraniano ao longo das últimas décadas.
Embora não haja confirmação pública detalhada de acordos secretos específicos sobre tecnologia hipersônica, é amplamente reconhecido que o Irã tem se beneficiado da transferência de tecnologia, cooperação técnica e engenharia reversa de sistemas russos e chineses, além do intercâmbio com a Coreia do Norte, que também desenvolve mísseis avançados.
Essa cooperação teria acelerado o desenvolvimento do míssil Fattah e outros sistemas hipersônicos, permitindo que o Irã superasse etapas que normalmente demandariam décadas e investimentos bilionários em pesquisa e desenvolvimento.
Contexto geopolítico e estratégico
O avanço iraniano em mísseis hipersônicos ocorre em meio a tensões crescentes com Israel e os Estados Unidos, que buscam conter a influência regional do Irã e seu programa nuclear. A capacidade de lançar mísseis hipersônicos que podem penetrar sistemas avançados de defesa antimísseis, como o Domo de Ferro israelense, representa um novo desafio estratégico para os adversários do Irã.
O uso recente desses mísseis em ataques contra Israel demonstra a operacionalização dessa tecnologia, confirmando que o Irã não apenas desenvolveu, mas também integrou esses sistemas em seu arsenal militar.
Conclusão
O domínio iraniano da tecnologia de mísseis hipersônicos não é fruto do acaso, mas resultado de um processo contínuo de desenvolvimento e, muito provavelmente, de cooperação estratégica com potências como Rússia e China. Essa aliança tecnológica e militar permitiu ao Irã alcançar avanços significativos, tornando-se um dos poucos países no mundo capazes de operar armas hipersônicas, o que altera o equilíbrio militar no Oriente Médio e eleva as tensões regionais.
Essa análise confirma a afirmação do analista político Marco Fernandes de que a tecnologia hipersônica iraniana está vinculada a acordos e transferências de tecnologia, e não a um desenvolvimento isolado ou espontâneo.
FOTO: Míssil hipersônico iraniano Fattah (Hossein Zohrevand/Tasnim News Agency).
FONTE: Agência de Notícias ABJ – Associação Brasileira dos Jornalistas
( Reprodução autorizada mediante citação da fonte: Agência de Notícias ABJ – Associação Brasileira dos Jornalistas )