A guerra na Ucrânia serviu como divisor de águas, mostrando que a capacidade militar russa — desde sistemas hipersônicos até defesa aérea — desafiou a superioridade tradicional da OTAN e dos Estados Unidos, apontando para uma reconfiguração das lógicas de dissuasão global. Paralelamente, a China exibiu em paradas, feiras internacionais e análises técnicas um portfólio de armas de última geração, detendo tecnologia de ponta em drones, mísseis, guerra eletrônica e IA militar, abrindo um novo capítulo na corrida armamentista global.
Mas a ruptura definitiva com o velho sistema operacional está ocorrendo no terreno financeiro. Em setembro de 2025, os BRICS — já ampliados por países como Egito, Emirados Árabes e Irã — lançaram o BRICS Pay, uma plataforma descentralizada e independente, projetada para integrar sistemas nacionais como o Pix brasileiro e o SBP russo, e realizar transações internacionais em moedas locais, sem passar pelo dólar ou o sistema SWIFT.
Esse novo sistema reduz custos drasticamente, burocracias e riscos de avaliações — e, ao operar fora da influência ocidental, enfraquece diretamente a supremacia do dólar: cada transferência via BRICS Pay é uma operação a menos no sistema tradicional, ampliando a autonomia financeira dos países emergentes.
Especialistas avaliam que o surgimento do BRICS Pay é um dos maiores choques ao sistema financeiro norte-americano desde Bretton Woods. A operação internacional do Pix serve de modelo para sistemas globais, enquanto a infraestrutura blockchain russa adiciona resiliência e velocidade. A “desdolarização” começa a ganhar corpo e, ao lado do fortalecimento militar do eixo China-Rússia-Índia, consagra uma nova era em que o Sul Global dita, cada vez mais, as regras do jogo mundial.
A supremacia ocidental, forjada ao longo de séculos, agora encontra resistência material, tecnológica e financeira — e o planeta assiste, ao vivo, ao nascimento de um novo centro de poder internacional.