Com muitas nações nucleares, qual a possibilidade de um dos muitos conflitos atuais resultar em uma guerra mundial? Ou já é possível dizer que já vivemos um conflito de escala global? À Sputnik Brasil especialistas em geopolítica destacam os caminhos que nos levarão para o possível fim da humanidade.
Em entrevista ao programa, Luiz Felipe Osório, professor de relações internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e autor do livro “Imperialismo, Estado e Relações Internacionais”, afirma que o cenário atual é fruto de uma “crise do imperialismo”.
O imperialismo, explica o pesquisador, é uma forma de estruturação da geopolítica internacional onde é criada no direito internacional, através dos desbalanços de poder, gerando uma hierarquia entre as nações.
Modo de organização política do capitalismo, o imperialismo passa por uma crise devido à própria evolução do modo de produção capitalista, Osório explica.
“Percebemos pelo menos duas características que vão acirrando o clima hostil que vemos no mundo”, afirma o professor. “O primeiro é uma questão da desterritorialização da acumulação.”
“E o segundo aspecto é que há uma ausência cada vez maior de instrumentos para o Estado intervir na economia. O Estado fica cada vez mais impotente para corrigir distorções econômicas.”
Juntos, esses dois aspectos levam a uma financeirização das economias nacionais e a consequente concentração de renda em determinadas camadas e determinados países. “Todo esse cenário vai levando a um acirramento dos ânimos, a uma crise, e que a alternativa tem sido cada vez mais beligerante.”
Ao mesmo tempo, os complexos militares-industriais se tornam uma forma dos países realizarem uma política industrial. “Gerando cada vez mais a necessidade de emprego dessas armas pelo mundo.”
“Ainda não estamos na Terceira Guerra Mundial, mas estamos em um clima muito propício.”
As ‘faíscas’ do incêndio global
A história revela que guerras podem acontecer por variados motivos, incluindo os mais banais lembra Osório. “Às vezes uma faísca já é suficiente para haver uma grande escalada. E faíscas não estão faltando por aí.”
Dentre elas, o especialista em relações internais aponta para pelo menos quatro disputas, deflagradas ou não, que podem agir como catalisadores de uma nova guerra mundial.
São eles o conflito ucraniano, a escalada israelense no Oriente Médio, o uso de Taiwan como um protetorado pelos Estados Unidos e a separação da Coreia.
Ao último ponto, o professor sublinha que a guerra civil no país não terminou apesar de ambos os lados estarem em um armistício há 71 anos, desde 1953. “E essas tensões vêm aumentando nos últimos anos.”
“O tempo vai passando e nos parece que é normal haver duas Coreias, mas é uma situação de completa artificialidade. A Coreia tem uma história milenar e nunca foi dividida em duas a não ser de 1950 em diante.”
Já em relação a Taiwan, o professor declara que os Estados Unidos fomentam uma postura independentista da ilha como forma provocar o governo da China, que tem uma postura inegociável quanto sua soberania e quanto à sua política de Uma Só China. “É um dos três pontos focais dentro do debate geopolítico mundial.”
Os outros dois são os conflitos abertamente deflagrados: o ucraniano e o israelense.
Foto: IDF Israel
FONTE: https://telegra.ph/Fa%C3%ADscas-n%C3%A3o-faltam-3%C2%AA-Guerra-Mundial-est%C3%A1-a-caminho-11-27