Associação Brasileira dos Jornalistas

Seja um associado da ABJ. Há 16 anos lutando pelos jornalistas

José Luis Oreiro : “Pix demonstra que Brasil supera EUA e Europa em inovação”

Para José Luis Oreiro, sucesso do Pix revela avanço tecnológico brasileiro diante da hegemonia decadente dos Estados Unidos.

247 – Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o economista e professor da Universidade de Brasília José Luis Oreiro avaliou o sistema de pagamentos instantâneos Pix como uma das maiores demonstrações da superioridade do Brasil em inovação tecnológica na área financeira, superando inclusive os Estados Unidos e países da Europa. A declaração foi feita em meio a debates internacionais sobre a influência do Pix no cenário global, após elogios do prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman.

“O Krugman meio que descobriu a roda”, afirmou Oreiro. “Para quem minimamente conhece os Estados Unidos e mesmo a União Europeia, a gente sabe que o nosso sistema financeiro é muito mais avançado do ponto de vista de tecnologia de meios de pagamento do que nos Estados Unidos e na Europa.”

Sistema robusto por necessidade

Oreiro lembrou que o avanço do Brasil no setor se deu por fatores estruturais e históricos. “Foi porque o Brasil teve uma inflação alta, quase hiperinflação, nos anos 80, que nós desenvolvemos um sistema de meios de pagamento altamente avançado, porque a gente precisava ter. A necessidade se transformou em virtude”, explicou.

Na comparação com a resposta americana à crise da Covid-19, Oreiro foi direto ao criticar o que chamou de “primitivismo” dos métodos de pagamento utilizados nos EUA: “As pessoas recebiam um cheque em casa pelos Correios que tinha que ir no banco descontar. Ou seja, imagina uma situação em que você não pode sair de casa por conta de um vírus e você ainda tem que ir ao banco para ter acesso à sua renda emergencial.”

Inclusão bancária e funcionalidade social

Oreiro destacou ainda o papel do Pix na democratização do acesso bancário. “Roberto Campos Neto […] identificou um problema no Brasil que era a desbancarização […] e criaram um sistema de meios de pagamento instantâneo 24 horas que é o Pix.” Segundo ele, o sistema é tão disseminado que “em Brasília, as pessoas que pedem dinheiro no sinal pedem Pix. Você não precisa dar moedinhas”.

O professor também ressaltou os impactos econômicos que o Pix provoca sobre empresas americanas: “Visa e Mastercard […] estão perdendo mercado no Brasil por conta do Pix. Então isso se insere dentro do contexto mais geral de decadência dos Estados Unidos como potência.”

Criptomoedas e o papel do Estado

Oreiro refutou qualquer comparação entre o Pix e as criptomoedas, classificando estas últimas como instrumentos especulativos sem valor social. “Moeda é aquilo que o Estado define como unidade de conta dos contratos e da lista de preços. […] Criptomoeda não é moeda. Primeiro, não é unidade de conta. Segundo, não é meio de pagamento.”

Ele também criticou os argumentos libertários em defesa das criptomoedas. “Quem usa criptomoeda, o mais bonzinho está sonegando imposto de renda. Os mais malvados são pedófilos, traficantes de armas, de pessoas e terroristas.”

Além disso, apontou o elevado custo ambiental da mineração de criptoativos: “Você está contribuindo para o aquecimento do planeta para produzir um ativo cujo valor social é negativo. Isso é a definição de irracionalidade.”

O Pix como conquista institucional

Na conclusão de sua análise, Oreiro reforçou a legitimidade do Pix enquanto moeda aceita e regulada pelo Estado: “O Pix é meio de pagamento efetivamente reconhecido. […] Não oculta transações. […] A moeda é uma criatura do Estado. Está até na Bíblia.”

Ele ainda ironizou a resistência americana ao avanço brasileiro: “Os americanos não conseguem lidar com o fato de que eles são uma potência em declínio. Simples assim.” Assista:

 

FONTE

https://www.brasil247.com/entrevistas/jose-luis-oreiro-pix-demonstra-que-brasil-supera-eua-e-europa-em-inovacao