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O RECADO RUSSO DE 7 DE MARÇO ESCRITO EM KALIBR

No dia 7 de março, sexta-feira passada, a Rússia lançou um ataque incomum com mísseis Kalibr contra a infraestrutura de gás da Ucrânia, atingindo as cidades de Ternopil, na parte oeste, e Poltava, na parte leste do país, dentre outras.
Os ataques utilizaram os poderosos mísseis Kalibr, tecnologia de última geração que costumava ser empregada em situações muito específicas durante a operação militar russa. A escolha desses mísseis para atacar estruturas energéticas surpreendeu muitos observadores do conflito russo-ucraniano, mas havia um recado claro por trás dessa ação.

Por Daniel Spirin Reynaldo em seu FaceBook

Os Kalibr cruzaram as quatro regiões russas conquistadas: Kherson, Zaporizhia, Donetsk e Lugansk. Todos os mísseis atingiram seus alvos, causando danos significativos à infraestrutura de gás da Ucrânia. Os mísseis de defesa Patriot, fornecidos pelos EUA, mostraram-se ineficazes, pois, antes dos ataques principais, as Forças Armadas da Rússia lançaram uma série de drones durante cerca de duas horas, esgotando assim a defesa aérea ucraniana.
De acordo com analistas, esses ataques tiveram dois objetivos claros. O primeiro foi enviar um aviso de que o fornecimento de gás russo para a Europa não passará mais pelo território ucraniano. Caso os europeus desejem continuar recebendo o gás russo a preços acessíveis, precisarão considerar alternativas que não incluam a Ucrânia. Isso representa uma perda significativa de recursos para Kiev, que dependia da taxação sobre o trânsito de gás via gasodutos em seu território.
O segundo objetivo desse massivo ataque russo reforçou a ideia de que as regiões da RPD (República Popular de Donetsk), RPL (República Popular de Lugansk), Kherson e Zaporizhia estão agora incorporadas à Constituição da Rússia. Essa posição deve ser reconhecida por todas as partes antes de qualquer negociação para um acordo pacífico. Na véspera dos ataques, essa perspectiva foi expressa em uma entrevista à Sky News pelo embaixador russo na Grã-Bretanha, Andrei Kelin.
“A situação territorial deve ser reconhecida. Esses territórios estão incluídos em nossa Constituição, e continuaremos a trabalhar para garantir que todas as forças do governo ucraniano se retirem dessas áreas”, afirmou o diplomata.
Curiosidade: Apesar de a Rússia possuir mísseis mais poderosos, sempre que Moscou deseja enviar um recado, opta por usar o idioma Kalibr.
FONTE
https://www.facebook.com/photo?fbid=9285165728205535&set=a.171787036210162